quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A COROA E O PROJETO DE PACIFICAÇÃO DO TERRITÓRIO

    O processo de ocupação da região sergipana foi bastante complexo e violento, visto que o governador da Bahia, Luiz de Brito, deu plenos poderes a Garcia D'Avila sobre as terras do Rio Real ocasionando grandes conflitos com os índios na área. Posteriormente, houve um novo Governador - Geral do Brasil que fez várias tentativas frustradas de colonizar Sergipe e dois anos depois ocorreu a União Ibérica, o que levou Portugal a ser governado por Felipe II. Neste momento ocorre a chamada "guerra justa" que teve como líder Cristóvão de Barros ocorrendo assim a conquista definitiva do nosso estado pelos portugueses.
    Foi uma guerra muito dolorosa que dizimou os índios e os que não foram escravizados foram expulsos de sua região. Essa guerra foi ocasionada por puro interesse político e é um momento da história de Sergipe que jamais será esquecido.

O PAPEL NÃO PODE FICAR BRANCO: FÚRIA, ACORDOS E ACOMODAÇÃO

    O processo de colonização de Sergipe foi marcado pela resistência dos índios que protegiam a sua terra, defendiam o seu espaço acima de qualquer coisa ou situação. Essa resistência registrou mortes  de ambos os lados o que demonstra a tristeza provocada por essa guerra. Dentre os índios que resistiram a esses acontecimentos é importante destacar os caciques Surubi, Aperipê e Serigi, que lutaram até o fim para defender o seu espaço e o seu povo.
    Para conhecer mais profundamente a resistência dos índios é recomendável ler o roteiro de cinema "A Fúria da Raça" redigido por Ilma Fontes.  Essa incrível autora reuniu diversas fontes históricas que possuem ricas bagagens em seu currículo acerca desse acontecimento.


Ilma Fontes



BEATRIZ GÓIS DANTAS E OS ÍNDIOS EM SERGIPE

    A historiografia do índio de Sergipe é bastante limitada, pois existem poucas fontes sobre esse tema e as que existem é de difícil acesso. Portanto, as pesquisas de Beatriz Góis Dantas é fundamental para ter uma compreensão mais clara sobre o fato. Ela se preocupou, além da imensa contribuição aos estudos sobre a cultura e os costumes da população sergipana, em conseguir vários dados e vestígios do passado para melhorar o entendimento sobre a história de Sergipe.
    Com as suas obras, podemos conhecer um pouco do nosso passado e perceber como o governo lidava com a questão indígena naquela época. Um fato extremamente absurdo que ela cita é o de que o governo decretou a extinção da Diretoria dos Índios em Sergipe no ano de 1853, levando a existência dos índios serem negadas sistematicamente.
    Dantas pode ser considerada um exemplo para os futuros historiadores e os da atualidade no sentido de esmiuçar os fatos e nos transmitir questões que são omitidas devido interesses públicos.



                                                          Beatriz Góis Dantas

A CIDADE DE SÃO CRISTÓVÃO

    Num primeiro momento é necessário entender as razões que levaram ao processo de povoamento para justificar o surgimento das cidades e vilas, não são razões insignificantes, mas sim interesses políticos desconhecidos pela população que já habitava a região. Assim, é importante saber que a construção das cidades é um processo que envolve diversos interesses particulares no sentido de auto-benefício.
    E com a cidade em questão não seria diferente, com o fim da guerra, Cristóvão de Barros fundou uma nova área para povoamento denominada de São Cristóvão.
    Num segundo momento é perceptível que a expansão do povoamento se deu, principalmente, pelo interesse religioso em expandir a cristandade, construindo cada vez mais igrejas, conventos, entre outros. Portanto, a Igreja tinha um grande interesse que aumentasse o número de cidades e vilas para que assim também pudesse avançar as fronteiras da cristandade.
    Um outro ponto que é importante mencionar é que todas as áreas de povoamento possuiam um pelourinho e uma casa de forca. Esses locais eram para simbolizar categoricamente o poder da coroa sobre a região e também sobre os poderosos senhores de engenho.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

MAX

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA
UAB – COLÔNIA TREZE
CÁTIA PEREIRA DOS SANTOS

MAX: MUSEU DE ARQUEOLOGIA DE XINGÓ

Em 1991 foi descoberto o Cemitério de Justino que continha 188 esqueletos humanos, este fato foi o princípio de várias descobertas de vestígios pré-históricos encontrados na área do baixo São Francisco, entre os estados de Alagoas e Sergipe. O Museu de Arqueologia está situado a noroeste de Sergipe, os trabalhos realizados se estendem de Paulo Afonso até a foz do Rio São Francisco. Possui uma equipe de 43 pessoas distribuídas no laboratório de pesquisas em Xingó e na estação central de Aracaju. As escavações são auxiliadas pela população que abrange as cidades de Paulo Afonso, Canindé, Olho D’Água e Piranhas. O Museu também exerce uma importante ação social a qual sustenta 217 pessoas, dentre os quais estão funcionários e suas famílias. Possui uma distância de aproximadamente 200 km da capital sergipana e já foi prestigiado por mais de 55 mil visitantes nos últimos anos.
A história desse importantíssimo Museu iniciou-se com criação da barragem de Xingó em 1988 ao qual foi realizado um salvamento arqueológico. Teve sua inauguração realizada no ano 2000 e é dotado de alta tecnologia, além de uma grande diversidade de artefatos históricos. Ele também se preocupa em realizar novas descobertas, visto que é uma área que ainda pode ser bastante explorada, pois apresenta grande diversidade de sítios arqueológicos.



Seu aspecto arquitetônico é bastante instigativo e tem uma expressiva relação do passado com o presente, uma vez que o seu interior apresenta o aspecto pré-histórico e o seu exterior o aspecto contemporâneo. Sua logomarca é representada por uma ave lembrando um urubu que também foi encontrada em sítios de arte rupestre. O MAX apresenta vários setores que mostram didaticamente a realidade dos índios e como os mesmos interviram na região durante a pré-história. Num deles há um mapa bastante ilustrativo que demonstra a migração dos paleoindios no território americano, ou seja, ilustra a introdução dos primórdios em nosso continente. Posteriormente, notam-se os vários sítios que foram escavados e pesquisados, o qual tem sítios de escavação e de registros gráficos que podem ter diversas formas, principalmente as de pinturas e as de gravuras.
Um outro setor mostra a utilização da pedra para a sobrevivência dos índios, eles utilizavam os instrumentos lascados ou líticos e os polidos, não conheciam o metal por isso seu principal instrumento era a rocha e o granito era o tipo de rocha mais aparente na região. Observava-se também o uso da cerâmica que possuía uma grande variedade de vasilhas cerâmicas que datam de aproximadamente 5 mil anos. As vasilhas também tinham decorações na parte externa e provavelmente eram as mulheres que confeccionavam essas cerâmicas. Um ponto que deve ser ressaltado é que a forma de confecção desse produto da pré-história é a mesma que se utiliza na atualidade o que reforça ainda mais a importância do conhecimento do passado para a compreensão do presente. Em relação à alimentação dos indivíduos destaca-se o peixe como base alimentar,mas no período de cheias caçavam e comiam desde caracóis a cobras.



Lá também estão expostas maquetes que ilustram a vida dos índios e seu cotidiano, e também uma outra que mostra a cidade de Piranhas. Ambas são fundamentadas para uma melhor compreensão dos acontecimentos passados e também para adquirir um conhecimento mais abrangente acerca dessa realidade. Um outro aspecto relevante é a existência de adornos o que demonstra que desde o principio já existia a preocupação com a vaidade. Eles também já usufruíam da prática funerária que era algo pertinente na pré-história. Até no ritual fúnebre já se notava uma diferenciação de ações, pois as variações dos grupos estão associadas à cultura de cada sociedade.


Portanto pode-se constatar que o MAX é indispensável no processo de conhecimento da origem da nossa região. Ele nos revela hábitos dos nossos antecedentes, o que nos leva a compreendera nossa realidade. Por isso todos os estudantes, sobretudo os graduandos em História, devem visitar esse Museu que é rico em informação e desempenha um papel de fundamental importância no processo de ensino-aprendizagem da história local.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Documentário do CESAD

http://www.cinform.com.br/

sábado, 21 de novembro de 2009

A CARTA DE TOLOSA COMO DOCUMENTO HISTÓRICO

É um documento histórico escrito por um jesuita que transcrevia todos os acontecimentos da missão de Gaspar Lourenço em Sergipe. É uma carta de difícil acesso, pois se encontra na Biblioteca Nacional de Portugal em Lisboa. Ela está em espanhol e foi reproduzida num livro de Emanuel Franco. Nela consta todas as obras de Lourenço, suas conquistas, os resgates das almas dos índios, dentre outros. Essa  carta permitou aos historiadores conhecer um pouco da História do nosso estado.

Carta de Tolosa

O MUNDO DOS JESUITAS - PARTES 1 e 2

Nas décadas de 60 e 70 do século XVI, as aldeias dos índios passavam por modificações devido as influências dos padres. Antes das chegadas dos mesmos as aldeias eram bem distantes umas das outras e depois passaram a unir-se formando uma povoação para que pudesse desenvolver o local com as construções de residências, escola, capelas, entre outras.
O principal objetivo dos missionários era levar a palavra de Deus aos índios afastando a influência do demônio nas almas indígenas. O demônio aparece como principal inimigo na implantação do Cristianismo na Terra. Eles resgatavam as almas, propagavam a fé e ensinavam as verdades cristãs.
A Companhia de Jesus foi fundada por um grupo de sete amigos que se conheceram no Colégio de Navarra. Primeiro foi um, depois outro até formar os sete amigos. Eles tinham o objetivo de reformar suas vidas e viver a pobreza evangélica. O que se destacou foi Inácio de Loyola, pois origionou os exercícios, que era um método de oração e meditação dos mistérios da fé realizado por vários dias e até semanas, ao qual o retirante se reserva e escolhe seu estado de vida. Em agosto de 1534 iniciam as perigrinações. Em 23 de novembro de 1538 encontram-se com o Papa Paulo III e se oferecem a trabalhar na Reforma da Igreja, mas somente em 27 de setembro de 1540 é que o Papa funda a Companhia de Jesus.
Quando Loyola morre, em 1556, a Companhia de Jesus já tinha 1000 integrantes e administrava diversas fundações, principalmente colégios. Entre os anos de 1550 e 1650 os jesuitas constituiam o elemento mais dinâmico da Igreja Romana sendo denominados de "o exército do papa" e a "cavalaria ligeira da igreja".

Inácio de Loyola

Diante da Reforma Protestante o Concílio de Trento veio para dar força a Igreja Católica que precisava de um ânimo. Naquele momento era importante frisar que a fé não se manifestava apenas na Sagrada Escritura, mas também nos ensinamentos que a Igreja propagava através da Bíblia.
Para consolidar as novas diretrizes instituidas no Concílio de Trento foi necessário utilizar meios mais consistentes e um deles foi a criação das missões, ao qual os missionários iam para a América com o objetivo de cristianizar os nativos e cuidar alma do colono batizado. Para as autoridades cristãs, especialmente Dom João III, a catequese era objetivo principal do Governo Geral do Brasil. Contudo, todo esse processo não se limitava aos interesses religiosos, mas também a um interesse político do Governo no sentido de colonização da região.
A Companhia de Jesus se expandia cada vez mais devido ao prestígio que conquistava por onde passava e seu principal objetivo era catequisar os índios e pacificar o cnvívio deles com os brancos.